Se querem saber o que dá crédito a Nicole Scherzinger, olhem para os vídeos dela de 2001, uma jovem esperançosa de 22 anos a fazer audições para o Popstars, o programa que inspirou as franquias American Idol e X Factor. Ela sabia o que queria. Dessas imagens desfocadas do YouTube o que passa através do ecrã é a sua crença em si própria e a sua confiança. Com o seu chapéu de cowboy, os seus bootcut jeans e delineador de lábios ela mostrava ter estilo de popstar - confiança combinada com doçura. Charme sulista e um grande aparelho vocal. Não era preciso ser um grande jogador para apostar que seria bem sucedida. E sabem que mais? É a primeira Nicole a aparecer quando se pesquisa no Google, à frente da Kidman, Richie e Farhi. Das imagens vagas para a mulher que conheci numa suite do Langham Hotel em Londres, ela manteve-se intensamente focada. O seu olhar fixa-se directamente em nós quando fala, a sua voz flutua entre um sussurro estilo Marilyn Monroe e um tom firme com nuances do sotaque do Kentucky.
Ela é bastante sedutora e bonita. A combinação Havaiana (mãe) e Filipina (pai) é uma lotaria genética que foi ganha. Hoje está vestida com o que ela apelida de "confortável, funky, chique casual", o que se traduz numas deslumbrantes sandálias pretas Prada ("são mesmo confortáveis"), calças pretas justas e um top preto que revela um pouco do sutien com padrão zebra. O seu cabelo arranjado da sua forma preferida no momento, entrançado de um lado e solto estilo praia do outro. Ela está em modo de agenda de popstar. A suite de hoje é o cenário para receber uma série de jornalistas, marcados supostamente para falar sobre o novo álbum, mas que mais provavelmente estarão à caça de fofocas sobre o seu relacionamento com Lewis Hamilton.
Tal como com muitas celebridades, existe uma linha ligeiramente confusa a separar a vida privada de Nicole. Por um lado ela gosta de partilhar fotos das férias e dos aniversários nas redes sociais, mas por outro lado diz "Prefiro não falar destas coisas, é um pouco pessoal demais" quando coloco uma questão sobre Lewis que considera que vai longe demais. Ela não é tímida a revelar os seus sentimentos através das letras da músicas do seu novo álbum "All the time you on my mind, I'm yours, be mine, I need you, you need me, it's amazing what we could be" ("Estás sempre na minha mente, sou tua, sê meu, eu preciso de ti, tu precisas de mim, é incrível o que poderíamos ser"). A emoção é crua e evidente. Das cinco músicas que ouvi, todas são sobre desgosto e precisar de amor. Em Your Love, o primeiro single do álbum, ela promete "I'll do whatever you want. I'll be whatever you need" ("Farei o que quiseres. Serei o que precisares") e sugere insegurança em relação a outras mulheres "I've got everything they don't" ("Tenho tudo o que elas não têm"). Perguntei-lhe se as letras são um reflexo da sua vida. Sem hesitações ela respondeu "Completamente. Eu não cantaria algo que não fosse a minha história, a minha vida, quer reflicta o que se passou ou o que se está a passar." Ela diz-me que o seu produtor "Tornou-se um canal para a minha alma e para o meu coração. Pegámos nas minhas palavras e nas minhas histórias e colocámo-las nestas músicas". A sua voz suaviza-se naquele sussurro de Marilyn Monroe novamente "Estou muito orgulhosa disso".
Será que Lewis ouviu as suas músicas? "Mostrei-lhe algumas músicas, acho que ele gosta realmente delas." É difícil para ele ouvir algumas das letras? Ela faz uma pausa."Acho que ele é capaz de se relacionar com as músicas. Acho que qualquer pessoa pode relacionar-se com estas músicas Falam sobre vida e amor e inseguranças." Pergunto o quão difícil é para eles viverem seu o relacionamento sob o olhar publico, ao que ela responde "Tudo das nossas vidas está sob o olhar publico, por isso tentamos manter o nosso relacionamento o mais privado possível. É algo muito querido para o meu coração. Não gosto que esteja exposto por aí." Faz novamente uma pausa "Na verdade somos um pouco mais reservados nas redes sociais do que a maioria dos casais, mas as coisas estão bem. Estamos felizes." O que é que ela acha que os atrai um para o outro? "Vimos de cenários semelhantes, começos humildes, pais trabalhadores e nós trabalhámos muito para chegar onde chegámos. Temos a mesma vontade e ambição. Somos ambos pessoas muito competitivas."
A história passada de Nicole é o puro Sonho Americano. Ela mudou-se de Honolulu para uma pequena cidade no Kentucky quando tinha 6 anos e o dinheiro era apertado. A primeira coisa que ela fez assim que teve possibilidade foi levar a sua mãe e o seu padrasto de volta para o Havai. Fica-se com a impressão de que o medo de voltar a não ter nada é em parte o que a faz continuar. Daquela primeira audição impressionantemente polida ela passou para a banda Eden's Cruch e depois mudou-se para as Pussycat Dolls. O tempo que passou em ambas as bandas não foram necessariamente os mais felizes. Existiram rumores de discussões com as outras Dolls, e no final do seu domínio eram anunciadas como The Pussycat Dolls featuring Nicole Scherzinger. "Eu tinha esta energia criativa. O meu cérebro estava sempre em funcionamento e eu não sabia como desligar. Eu não dormia muito e passavam-se outras coisas." Talvez o mais impressionante deste período de dúvidas sobre si própria, em que também sofria de bulimia, seja que Nicole e as Dolls se tenham tornado um dos grupos femininos mais bem sucedidos de todos os tempos.
Agora confortavelmente instalada nos 30's, aprendeu a tomar conta de si. "Enquanto mulher, quando te tornas um pouco mais madura consegues encontrar um equilíbrio e estar mais confortável na tua própria pele." Pergunto-lhe se hoje em dia existe uma separação entre a Nicole estrela pop e a Nicole em casa "São apenas níveis intensificados de mim própria. Quando estou num espectáculo, estou a apresentar o melhor de mim, estou a dar energia, estou a dar-me. Quando não estou em frente às câmaras, tem mais, não sei o que é...é como uma Nicole mais intelectual e de pensamentos profundos, porque tenho tendência para isso. A noite passada estive no escuro, com algumas da minhas músicas a tocar em repeat, e a pensar." A pensar em quê? "Apenas na vida. Merdas profundas." Ela ri-se e sorri para mim "É sempre bom ter estes momentos, porque é aí que consegues criar. Tenho muitas coisas na minha mente, e estou a tentar lidar com uma de cada vez. A noite passada estava a sentir-me sobrecarregada, por isso pus algumas das minhas musicas que são ligeiramente mais depressivas, e adorei. Acordei a sentir-me óptima. É o que se tem que fazer às vezes."
Apesar do enorme número de vendas (combinando as vendas das Pussycat Dolls com as vendas da sua carreia a solo são mais de 60 milhões), a sua carreia tem tido algumas paragens e recomeços. Pode-se por isso talvez entender a sua compulsão para agora acertar. Apropriadamente, dadas as suas raízes em um programa de talentos, foi a TV que a colocou novamente no mapa das estrelas após as Dolls. Ela conquistou as luzes da ribalta no entretenimento com a sua fogosa, simpática e schamazing participação enquanto jurada no The X Factor, primeiro nos Estados Unidos e depois no Reino Unido. Ao observá-la, acreditamos realmente que se preocupava com os concorrentes. Mas agora ela e o programa seguiram caminhos separados. "Adorei o tempo que passei no programa, mas sabia que estava na altura de regressar à minha música e focar-me nisso." Ao contrário de Cheryl Fernandez-Versini que conciliou a sua actividade promocional com a sua actividade de jurada, Nicole mantém as carreiras separadas "Eu não faço ambos. Não sou apenas uma artista do Reino Unido, tenho contrato nos Estados Unidos, tenho que estar disponível para viajar internacionalmente, e não teria sido capaz de fazer isso e estar completamente comprometidas com o X Factor. Eu coloco 110% em tudo o que faço". O que pensa ela sobre o novo alinhamento? "Acho que ninguém será tão bom como o nosso alinhamento (de 2013). Adorei-nos juntos. Ninguém pode superar isso." Ela ainda mantém contacto com Sharon Osbourne e 'Gazza' Barlow, mas "O Lou Lou está demasiado ocupado a adorar a Mel B. Esqueceu-se de mim e da Mrs O."
O nosso tempo está a chegar ao fim, a sua publicista está a apontar para o pulso, e Nicole tem uma sessão de chat no facebook para fazer. Pergunto-me onde é que a sua ambição termina. "O céu é o limite" diz-me enfaticamente, "O meu sonho é fazer algumas tours mundiais, muitos mais álbuns, ter a minha própria fundação de beneficência, tomar conta da minha família, fazer alguns filmes, definitivamente fazer um filme musical, ter um meu próprio espectáculo na Broadway." É difícil ser tão ambiciosa? "Sim. Tive que sacrificar a minha vida amorosa, a minha vida pessoal, a minha família." Valeu a pena? "Completamente. Não faço nada pela metade. É chato ser medíocre, mediano ou não ser ávido e ter visão. Toda a gente tem um grande propósito, mas contenta-se com menos, ou tem medo. Temos que ir à luta."
À medida que nos afastamos ela olha-me directamente nos olhos e declara
O novo álbum de Nicole sai em Outubro. "Tenho um propósito. Tenho que lançar a minha música, viver o meu sonho e ser uma luz para outros."
Tradução/adaptação de autoria de Nicole Scherzinger Fans - Portugal