A minha entrevista telefónica com Nicole Scherzinger começou com algum gelo [trocadilho com On The Rocks]. "Podes retornar a chamada? Não vou fazer isso agora" oiço Nicole dizer à sua assistente antes de desligar. Telefonei novamente alguns minutos depois. "Olá Jordan" disse ela calmamente. Fiquei surpreendido por ela atender a chamada - perguntei se estava tudo bem. "Sim. Apenas...muita coisa a acontecer." |
"Sim, é definitivamente uma responsabilidade muito grande."
É demasiado?
"Não, não, não é demasiado. É que às vezes a agenda está tão preenchida que não nos apercebemos dos sacrifícios que temos que fazer. Não há tempo para a vida pessoal. É isso que acrescenta mais stress. Mas no que toca ao trabalho...adoro trabalhar."
Estás a referir-te ao teu namorado?
"Acho que todos os relacionamentos, com a família, os amigos, os entes queridos acabam por sofrer porque não tens muito tempo para dedicar a essas relações. Tudo em geral."
Arrependes-te de trabalhar tanto?
"Não, porque acredito naquilo que faço. É produtivo e criativo. É apenas difícil conciliar e equilibrar os dois."
É compreensível que a sua vida pessoal fique em segundo plano relativamente à sua carreira neste momento. Ela está ocupada a actuar, a preparar o seu papel em Cats e a promover o seu novo álbum Big Fat Lie. A entrevista não está, até agora, a correr como planeado. Mas as melhores não correm. Mudo de direcção.
Porquê o título Big Fat Lie?
"Há tantas coisas com as quais as pessoas batalham. Toda a gente tem problemas - sentirem que não são bonitas, sentiram que não têm valor. É romper com todas essas mentiras que dizemos a nós próprios e que nos retêm. A verdade é que nós somos suficientes, nós somos capazes, nós temos valor, nós devemos ir para aquele trabalho que queremos, nós devemos sonhar com o relacionamento que queremos, nós devemos ser a pessoa que queremos."
Porque é que as pessoas mentem a si próprias?
"Porque têm medo. É tudo medo. Talvez tenham medo de falhar, ou medo de não serem fantásticas, não serem melhores do que pensam que são."
Nicole lidou com essas mentiras no inicio da sua carreira quando liderava as Pussycat Dolls, mas depois de deixar o grupo para focar-se na sua carreira a solo ela teve tempo de mudar e de crescer enquanto mulher.
"Há uma série que equívocos sobre mim. Não vou mentir. Muitas pessoas acham que sou muito fabricada, que não sei cantar, que sou apenas um rosto bonito, que tenho uma vida glamourosa pela qual não trabalhei, que isto é como se fosse tudo um grande passeio pelo parque. Elas não sabem que lutas estão por trás. Eu tenho as minhas próprias inseguranças, as minhas próprias lutas, coisas com as quais tenho que lidar. Vejo-me de uma forma diferente."
A forma como Nicole se vê a si própria é evidente no novo álbum - muitas das músicas são pessoais porque estão relacionadas com a sua vida, os seus encontros e relacionamentos íntimos passados.
"Todas as músicas são sobre relacionamentos que tive em determinado ponto da minha vida. Passei por uma separação o ano passado. Estava a fazer o álbum quando estava destroçada. Vêm todas de um lugar verdadeiro."
Provavelmente a música mais pessoal no álbum é 'Run', o primeiro single nos Estados Unidos e terceiro no Reino Unido. Ela diz que está a gravar o vídeo hoje. Diz que gostaria de lançar 'Electric Blue' como seu próximo single nos Estados Unidos, mas tem muito por onde escolher.
"Nunca deixei o estúdio. Estive sempre a fazer música. É isso que é suposto fazer enquanto artista. Estou sempre a escrever e a trabalhar em música. Descobri que é muito terapêutico e uma experiência catártica. Trabalhei com muitos escritores e produtores no passado, mas para este álbum o The Dream e o Tricky Stewart voltaram à minha vida no momento certo. Criámos um som para mim. O meu próprio som que não soa como pop previsível. Temos músicas como 'Bang’ ou ‘Heartbreaker,’ ou ‘Electric Blue'. Têm um som muito diferente da pop esperada que anda por aí. Eu queria ter um álbum coeso. Em vez de pegar em peças aleatórias escritas em momentos aleatórios da minha vida por diferentes pessoas e diferentes sons e diferentes energias, coloquei isso de parte e fiz o álbum com eles. Eles ajudaram-me a encontrar o meu som e acho que isso é realmente importante. Big Fat Lie é é um álbum de transição, de transformação de revelação. Ao revelar essas mentiras espero ser capaz de as curar."
Mentiras à parte, Nicole atribui o seu crescimento e sucesso às pessoas que acreditaram nela e a seguiram.
"É tudo o que precisas, certo?"
Eu concordo.
"Ter esta base de fãs e crescer a partir daí. Não podemos julgar pelas vezes que passa na rádio, streaming ou tops. O que é real para mim enquanto artista é estar em palco e ver as pessoas, saber que se preocupam o suficiente para comprar um bilhete e quererem ver-me actuar."
A entrevista está a aproximar-se dos 15 minutos e sinto que é tempo de finalizar.
Deixa algumas palavras para os teus fãs.
"Adoro-os. Sei que eles estiveram muito tempo à espera da música, e ela vem do meu coração. É honesta. Espero que eles consigam relacionar-se com isso. Às vezes luto com a sensação de que estou sozinha, de que ninguém se importa. Essas coisas com as quais todos nós batalhamos. Às vezes apenas precisamos saber que não estamos sozinhos, e que alguém se importa. Espero que consigam identificar-se à sua própria maneira."
Mostrem a Nicole que se importam!
Fonte: http://www.breatheheavy.com/
Tradução/adaptação de autoria de Nicole Scherzinger Fans - Portugal