Ela consegue fazer a espargata, diz que o seu rabo consegue aplaudir, e que inventou o Rylan! Não há como não gostar dela. Nesta entrevista a Sylvia Patterson, Nicole fala sobre a sua nova energia e sobre o seu novo amor. Quatro anos. Foi o tempo que passou desde que Rylan Clark-Neal foi dominado pela emoção na etapa Judges' Houses, tendo Nicole Scherzinger como mentora. Hoje Nicole segura com carinho a autobiografia da estrela que ajudou a criar, The Life of Rylan, onde constam fotos da aventura que foi o X Factor "Estou tão feliz por ele. Vi-o no outro dia, era suposto ele oferecer-me o livro!". O exemplar pertence à Glamour, e foi trazido para a entrevista para lhe mostrar uma foto intrigante: uma em que Nicole tem as suas pernas esticadas numa espargata de 180 graus, com os pés apontados para cima, enquanto Rylan olha horrorizado. Como é que é possível? "Não custa nada. Nasci com grande elasticidade. Espera..." procura no seu smartphone uma foto tirada há dois dias, numa piscina em Ibiza, as pernas debaixo de água, em espargata "Exatamente o mesmo!" ri-se. "É uma posição natural para mim." |
Este ano Nicole será mentora dos rapazes e assegura que "Há alguns verdadeiros artistas na minha categoria.", defendendo o papel cultural do programa. Será o X Factor, agora, apenas showbiz? É mais sobre os jurados do que sobre os concorrentes? "Gostava que fosse mais sobre o jurados. Estou a brincar. Bem, é showbiz, mas não se pode negar o talento, ou as oportunidades que surgem sendo ou não o vencedor. Foi por isso que escolhi o Rylan, por ele próprio. Sim, temos personagens, mas é isso que dá cor e loucura a isto."
É também sobre as roupas dos jurados (talvez até do Louis este ano). "Divirto-me com os meus visuais. Uma vez pensaram que eu estava bêbada, não estava. Era a semana Disco, eu tinha o cabelo encaracolado e uma roupa de diva, estava apenas a canalizar essa energia de diva disco dos anos 70. Tenho tendência a ajustar a minha personalidade ao meu visual, como uma actriz." Ela também se diverte com os seus Scherzismos - na semana em que a finlandesa Saara Alto cantou a música Chandelier de Sia, Nicole anunciou, como só ela poderia "O meu rabo quer aplaudir, de tão bom que isto foi" - "Às vezes essas coisas saem-me e eu fico a pensar 'Mas porque raio é que eu disse isto?' Alguns dançarinos ensinaram-me a fazer twerk há alguns anos, é preciso ser habilidoso, não é fácil, mas é basicamente isso, fazer o rabo aplaudir, tem tudo a ver com controlo muscular. Estou a falar a sério, existe arte nisso...".
Nicole Scherzinger, agora com 38 anos, é uma artista multidimensional, actriz nomeada para um Olivier Award (pelo seu desempenho no musical Cats, no West End), que participa também na adaptação para TV do filme Dirty Dancing, ainda por estrear. Desde a sua última capa Glamour em 2013, tem uma presença mais serena. Está numa relação com o tenista Bulgaro Grigor Dimitrov, de 25 anos, tendo-se finalmente separado de vez do campeão de F1 Lewis Hamilton após sete tumultuosos anos. Digo-lhe que Grigor é muito bem parecido, e ela fica subitamente recatada, com medo dos títulos dos jornais "Um, obrigada.", ela cora, descrevendo-o vagamente como "criativo". "Ele adora moda, desenha as suas próprias coisas". Conheceram-se através de amigos e "primeiro tornamo-nos amigos". Ela está definitivamente feliz. "Estou feliz. Estou numa altura da minha vida muito boa, sólida, mais equilibrada. Cresci muito enquanto mulher."
Nicole tem uma personalidade afectuosa, optimista e graciosa, e não entra em pormenores quanto aos seus problemas pessoais. O motivo da sua separação de Lewis nunca foi tornado publico, "por respeito ao Lewis", em vez disso, deixou pistas no seu álbum de 2014, Big Fat Lie, "onde os fãs podem perceber o que se passa na minha vida". A letra da música que deu título ao álbum descreve lágrimas, dor, e a realidade por trás de uma grande fachada "Se estou a viver um momento tão maravilhoso, porque é que não me sinto viva? A verdade entre nós, é que estou a viver uma grande mentira" canta. "Tomei as minhas decisões enquanto mulher, por mim própria. É tão fácil tornarmo-nos dependentes. É tão importante, enquanto mulheres, quer estejamos numa relação quer não, que cuidemos de nós próprias. Temos melhores relacionamentos quando nos sentimos inteiras. Quando não estamos à espera que seja o outro a preencher-nos. A minha avó sempre disse, para encontrares a pessoa com quem vais casar, tens que encontrar a pessoa com quem queres trabalhar o teu relacionamento para o resto da tua vida. Essa é a palavra chave: trabalhar." Ela gostou de estar solteira, ainda que brevemente "Tenho novamente consciência de quem é a Nicole. Voltei a ser autêntica. Foi tipo, oh é disto que gosto, é isto que me faz rir e que me faz dançar e que me faz sentir livre. Foi um período de transformação, de cura."
Os acontecimento de 2016 "mudaram a minha vida", começando pela preparação para uma audição para o filme Baywatch, a estrear em 2017, com Zac Efron. "Provavelmente não devia dizer isto, mas comecei o ano a exercitar-me diariamente para ficar em forma, estava determinada em entrar em Baywatch. No entanto, o papel foi atribuído a uma modelo de 26 anos, Kelly Rohrbach. Fiquei devastada. O que é que vai ser o meu ano, o que é que vai ser a minha vida se não vou entrar em Baywatch?". Duas semanas depois, surgiu a audição para Dirty Dancing. Inicialmente Nicole ficou um pouco insegura quanto à sua personagem Penny, uma vez que a mesma faz um aborto "A minha família é muito pró-vida, e não queria perturba-los. A minha mãe podia ter feito um aborto, ficou grávida de mim quando ainda era muito nova, mas não o fez. E vejam quão fabulosa saí! Justin Bieber, o mesmo se aplica a ele, porque conheço a sua mãe. Obviamente, sinto empatia, cada cada pessoa tem as suas decisões para tomar, e pensei que poderia trazer uma luz mais positiva se aceitasse o papel. E isso definiu o tom para o que seria o meu ano."
Seguiu-se The X Factor, e está encantada por estar de volta ao Reino Unido. "É óptimo estar de volta. Adoro o Reino Unido, nem consigo explicar o quanto adoro os britânicos. É como se tudo estivesse a ir ao seu lugar para mim. E especialmente no mundo em que vivemos agora, temos que contar as nossas bênçãos."
Se 2016 tem sido óptimo para Nicole, não o tem sido tanto para a humanidade, com violência à escala global, uma vaga de refugiados, terrorismo e tumulto politico. Ao lado do seu bom amigo Will.i.am, Nicole participou na regravação do tema Where Is The Love? dos Black Eyed Peas, um projecto colectivo, ao estilo de We Are The World, que surge numa altura em que a brutalidade policial e os tiroteios se estão a tornar uma crise nos Estados Unidos."Na industria do entretenimento, temos uma voz. Temos que nos unir e espalhar amor." Falamos também da contribuição de Beyoncé, da sua performance no Super Bowl dando visibilidade ao movimento Black Lives Matter, às revelações do álbum Lemonade. "Ela é a maior estrela pop do mundo, e adoro que seja tão ousada e corajosa. Isso mostra um grande crescimento. Estamos habituados a vê-la às vezes como um robot. Assim podemos relacionarmo-nos com ela através da sua música e as suas batalhas."
O mundo de Nicole continua a ser escrutinado diariamente pelos tabloids, e ela menciona um título recente, relacionado com fotografias tiradas por paparazzi à porta de uma discoteca onde se encontrava com o seu amigo Calvin Harris. "Era qualquer coisa como 'ela é a maior traidora'. E eu fiquei tipo, o quê? Eu estava a andar na calçada, quase caí, agarrei-me a ele e pronto. É ridículo." A conversa continua, sobre as declarações recentes de Jennifer Aniston, em que diz estar farta dos rumores de gravidez e de comentários sobre o corpo, que alimentam as inseguranças femininas."Focamo-nos em demasiadas coisas pequenas e vazias. É tudo sobre reality tv, estrelas e visuais. As nossas prioridades estão distorcidas. Temos meninas a serem raptadas na Nigéria, e isso fica para segundo plano porque o que interessa é o que alguém publicou no Instagram." Mesmo sendo ela própria uma estrela e um ícone da moda com 8 milhões de seguidores no Instagram e Twitter, vê uma cultura fora de controlo "Já nem sequer é sobre ser fabuloso, agora é uma competição. É 'eu quero mais likes, mais atenção, mais poder'. É diluidor do verdadeiro talento. " Nicole parece ainda assim conseguir lidar bem com a fama, mesmo com o lado negativo. "Nem sei se lido com isso, acho que me faço de cega. É como se não existisse." ri-se. "Sou muito sensível. Se eu leio coisas más, isso afecta-me. Faz-me querer ir bater à porta das pessoas com o meu fato de ninja e 'hi-ya'! Não sejam tão cruéis, o karma é uma coisa real. As pessoas seguem-te online e dizem coisas horríveis, cheias de ódio. Não é disso que o mundo precisa, o que precisamos é de amor."
Assina o livro do Ryland, deixando uma mensagem onde envia "boa luz e amor", num ano que contempla o seu eventual legado. "O que quero realmente dizer para deixar a minha marca? Quero representar vulnerabilidade e coragem. E diversão, com sentido de humor. Sou uma pessoa real! Venho de pessoas reais. Vamos todos comer um assado de domingo a um pub." Fala como uma verdadeira britânica honorária.
Tradução/adaptação de autoria de Nicole Scherzinger Fans - Portugal